Politicamente (In)Correto

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

A feiura da Beleza

Durante um almoço com o pessoal do meu serviço a conversa na mesa foi direcionada aquilo que está na cabeça da maioria do povo brasilieiro nessa época: o Carnaval. Diversas pessoas contaram histórias de suas visitas a ensaios de blocos carnavalescos, declararam seu amor por uma escola de samba específica e contaram vantagem de quanto haviam bebido nesses eventos.
Eu já havia dado graças a Deus que ninguém havia entrado em detalhes mais específicos de suas peripécias imorais e que a discussão estava acabando, quando a mesa parou a conversa e olhou pra mim. Todos presentes sabiam de minha fé, já havia conversado explicitamente com a maioria sobre o evangelho e vi que eles notaram minha ausência na conversa.

(ELES) - "E você Daniel, nunca participou do Carnaval?"
(EU) - "Não."

(ELES) - "Você já assistiu a algum desfile de Carnaval?'
(EU) - "Não."

(ELES) - "Poxa cara, a gente entende seu lado sobre sexo, a farra toda, a bebedeira, mas essas coisas não fazem parte do desfile. O desfile é BONITO. A BELEZA de um bloco é algo inquestionável! Não é?"
(EU) - "Galera, é aí que vocês se enganam..."

A "beleza" do Carnaval é deturpada. O exemplo mais claro disso são os corpos femininos expostos (basta ver 3 segundos de comercial na televisão pra saber). A beleza feminina foi feita para ser usufruida dentro de um contexto específico, o casamento. Para ser apreciada pelo marido. Infelizmente, no carnaval, os corpos são expostos para TODOS verem, sem pudor. Sendo assim, a beleza feminina é a beleza deturpada mais óbvia presente no carnaval.

Segundo, todo bloco tem seu samba, seu enredo e através disso passa uma mensagem. Só que na maioria das vezes a mensagem é contraditória com aquilo que é pregado na Bíblia. Dificilmente se encontra algum tema bom entre as escolas de samba e a oportunidade de impactar milhares e milhares de pessoas positivamente é desperdiçada. Um de meus colegas argumentou dizendo que algumas escolas falam de ecologia, sobre a preservação da natureza, pois é criação de Deus, e o homem não tem direito de destruir a natureza, etc...

Agora reflitamos um pouco nisso. Se olharmos a cena com cuidado, veremos que a contradição é gritante! Imagine só, um monte de gente dançando e pulando, gritando, proclamando que devemos preservar a mata, os rios, os animais, pois a NATUREZA é criação de Deus! (okay, beleza, até ai tolero a mensagem). Só que, logo depois da transmissão dessa linda mensagem, os integrantes e os que assistiam participam e organizam os bacanais, a bebedeira desenfreada e uma miscelânia de outras atividades prejudiciais a sua saúde. Ou seja, o corpo deles, que é NATUREZA, que também é criação de Deus, é destruido por eles próprios (hipocrisia pura) sem ao menos pensarem duas vezes.

Não há nada de positivo no Carnaval. Não há nada de verdadeiramente belo no Carnaval. A única coisa pra qual o Carnaval pode ser útil é como expositor da Depravação Total do homem. Morno é o crente que assiste tudo isso e não enxerga como o mundo necessita de Cristo.

E é por isso que, para mim, criado e crendo na Palavra de Deus e suas verdades, só enxergo a feiura da beleza do Carnaval brasileiro.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Não quero ser Livre.

Sábado (11/02/2006) o Reverendo Augustus Nicodemus publicou um artigo/post entitulado: “[Mais de] Cinco Pontos do [Meu] Calvinismo”. Eu ia deixar meu pitaco respondendo a um comentário deixado por um leitor do blog, mas acabou ficando tão grande que resolvi fazer meu próprio post.

M. G. deixou o seguinte comentário depois de uma breve discussão com outros leitores (essencialmente sobre a doutrina de predestinação):
"...ninguém pode ser obrigado a amar alguém. Em outras palavras, se não há liberdade de escolha, como pode haver verdadeiro amor? Como um pai pode obrigar um filho a amá-lo, retirando-lhe a liberdade de escolha? Não seria o mesmo que construir um robô programado para amar? Que valor teria um amor assim? Se Deus criou o Universo e o homem por amor, como compreender que esse amor seja "pré-programado"?"

O que eu não entendo é o por quê dessa busca incessante pela VERDADEIRA LIBERDADE. Baseado no comentário acima, podemos formar a seguinte equação: somente "verdadeira liberdade" resulta em "amor verdadeiro". Logicamente, um arminiano para ser coerente deve admitir que então TODA escolha dele para ser "verdadeira", deve ser feita com "verdadeira liberdade".

De onde vem essa idéia? Não creio que seja coerente nem com o nosso dia-a-dia. Será que um pai não pode restringir as escolhas de seu filho que ainda é criança (não brinque na rua, não mexa na tomada, não beba veneno). Isso não quer dizer que o pai não ama o filho e nem resulta no fato de seu filho não amar o pai. Amo meu pai, porém quando crescendo tive muitas escolhas não disponibilizadas, limites apontados e alternativas removidas dos meus planos... Isso não afetou em nada meu amor por meu pai, minha interação, meu apreço, etc... Aliás, a restrição das liberdades é o que ajudou a formar o meu caráter, definiu escolhas futuras, e moldou minhas crenças.

Não precisei de liberdade, sem restrição nenhuma, para aprender, viver minha vida e ser feliz. Por quê então, essa busca infinita pela "verdadeira liberdade"? Será que não enxergamos que NENHUMA de nossas escolhas é realmente livre? Que sempre existe algo nos puxando para um lado ou outro, ou até restringindo as nossas escolhas?

Será que não enxergamos que não sabemos o que é melhor pra nós? E que com "verdadeira liberdade" somente nos esfolariamos?

Filipenses 2:13 “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.”

Quem exerce controle sobre quem?

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Desenhando a Hipocrisia

Fiquei realmente surpreso ao ver o rebuliço na comunidade islâmica causado pelos cartoons de Muhammad feitos por um jornal na Dinamarca (veja os 12 desenhos dinamarqueses aqui). Infelizmente a maioria das demonstrações contra os desenhos, e subsequentemente contra a Dinamarca, caracterizaram-se pela violência. Tanto que até hoje tivemos 10 mortes, alguns prédios queimados e milhares de bandeiras dinamarquesas incendiadas.

No Brasil, a questão rendeu até entrevista do Reverendo Augustus Nicodemus no Bom Dia Brasil de quarta-feira (08/02/2006).

A primeira vista, uma certa indignação por parte dos muçulmanos é até que compreensível, pois, de acordo com suas leis/crenças, desenhar/caracterizar/pintar Muhammad não é permitido. Mas quando a indignação vira revolta e a revolta se transforma em ódio e o ódio passa a gerar violência, a situação já passou, e muito, dos limites. Parece aquela pessoa que só sabe discutir gritando, e por isso perde qualquer razão que tem. Infelizmente muitos são intimidados por pessoas/atitudes assim e acabam pedindo desculpas para não suscitar a ira do nervosinho. De forma semelhante, vários países e líderes tem se curvado e apoiado a indignação islâmica ignorando os mais básicos preceitos de liberdade de expressão.

Talvez essa revolta dos muçulmanos merecesse mais credibilidade se não fosse tão recheada de hipocrisia. Os muçulmanos não cansam de provocar, insultar e até xingar seus inimigos em charges MUITO, MUITO, piores do que os de autoria dos dinamarqueses (aliás, não tem nada de cunho muito provocativo ou insultante nos desenhos dinamarqueses). Honestamente, os desenhos muçulmanos são até nojentos de tão explícitos (mostrando sangue pra todo lado e com óbvios sentimentos de ódio por trás das charges). O jornalista Daniel Pipes, especializado em cobrir o Oriente Médio e as relações entre Israel e seus vizinhos Árabes, acertou ao questionar no seu artigo (minha principal fonte) se os muçulmanos realmente merecem tal tratamento VIP, ao distribuirem tapas e insultos livremente, mas quando questionados e "insultados" mostram-se como sendo as pessoas mais injustiçadas e piores vítimas desse tipo de "preconceito".

Hoje está em voga o "POLITICAMENTE CORRETO", que no fundo, bem no fundinho, é a mesma coisa que o pós-modernismo (tudo é relativo, nenhuma crença, atitude, maneira de viver, ou ação pode ser questionada ou depreciada, etc.). Os países árabes/muçulmanos maestralmente transformaram isso numa ótima ferramenta e o "politicamente correto" virou uma avenida de mão única. Quando se sentem ofendidos, o mundo deve pedir desculpas, mas quando ofendendo, apelam ao zêlo religioso como desculpa (engraçado como religião e estado se misturam tão intrinsicamente e o mundo aceita sem maiores problemas e questionamentos, mas em solo nacional brigam ferrenhamente por essa separação). O medo pós 11 de Setembro, de quebrar a regra do "politicamente correto" e correlacionar a ídeia de terroristas = muçulmanos (sim, concordo que é uma equação injusta) sofreu uma mutação grotesca e o Islamismo e a fé muçulmana receberam um status elevadíssimo e quase que intocável pelo resto do mundo.

Enfim, o que realmente gostaria de apontar é o aspecto "espiritual" da situação. E para isso creio que o pastor americano John Piper acertou na mosca! Em seu devocional quase que diário, John Piper contrasta as ações dos muçulmanos e dos cristãos. Vou postar aqui o artigo de Piper (originalmente em inglês) que traduzi:

O que vimos nessa última semana com as demonstrações islâmicas referentes aos desenhos dinamarqueses de Muhammad, foi outro exemplo vívido da diferença entre Muhammad e Cristo e o que significa seguir cada um. Nem todos os muçulmanos aprovam a violência. Mas uma lição profunda permanece: o trabalho e vida de Muhammad é baseado em ser honrado e o trabalho e vida de Cristo em ser insultado. Isso produz duas reações muito diferentes à zombaria.

Se Cristo não tivesse sido insultado, não haveria salvação. Esse foi seu propósito salvífico: ser insultado e morrer para resgatar pecadores da ira de Deus. Já nos Salmos o caminho de zombaria e deboche era prometido: Todos os que me vêem zombam de mim, arreganham os beiços e meneiam a cabeça' (Salmo 22:7). "Era desprezado, e rejeitado dos homens..., como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum" (Isaias 53:3).

Quando realmente ocorreu, foi pior do que o esperado."E, despindo-o, vestiram-lhe um manto escarlate; e tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e na mão direita uma cana, e ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus! E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e davam-lhe com ela na cabeça." (Mateus 27:28-30). Sua resposta a tudo isso foi submeter-se pacientemente. Esse é o objetivo da vinda de Cristo. " Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca." (Isaias 53:7).

Isso não pode ser dito sobre Muhammad. E os muçulmanos não acreditam ser verdade sobre Cristo. A maioria dos muçulmanos foram ensinados que Jesus não foi crucificado. Um muçulmano Sunita escreve, "Muçulmanos acreditam que Allah salvou o Messias da ignomínia da crucificação." (Badru D. Kateregga e David W. Shenk, Islam and Christianity: A Muslim and a Christian in Dialogue (Nairobi: Usima Press, 1980), p. 141.). Outro acrescenta, "Nós honramos [Jesus] mais do que vocês [Cristãos]... Nos recusamos a acreditar que Deus permitiria que ele morresse na cruz." (Citado de The Muslim World in J. Dudley Woodberry, editor, Muslims and Christians on the Emmaus Road (Monrovia, CA: MARC, 1989), p. 164.) Um impulso essencial do muçulmano é evitar a '"ignomínia'"da cruz.

Essa é a mais básica diferença entre Cristo e Muhammad e entre um muçulmano e um seguidor de Cristo. Para Cristo, aguentar a zombaria da cruz era a essência de sua missão. E para um verdadeiro seguidor de Cristo, aguentar sofrimento pacientemente para a glória de Cristo é a essência da obediência. "Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa." (Mateus 5:11). Durante sua vida Jesus foir chamado de bastardo (João 8:41), bebado (Mateus 11:19), blasfemador (Mateus 26:65), um diabo (Mateus 10:25); e prometeu o mesmo para os seus seguidores: "Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?" (Mateus 10:25).

A caricatura e zombaria de Cristo continua até o dia de hoje. Martin Scorcese interpretou Jesus na Ultima Tentação de Cristo como um ser remoído por dúvidas e atormentado por luxúria e desejo sexual. Andres Serrano foi financiado pelo National Endownment for the Arts para interpretar Jesus na cruz imerso em urina. O Código da Vinci mostra Jesus como um mero mortal que casou e teve filhos.

Qual deveria ser a resposta de seus seguidores? De um lado, estamos chateados e bravos. Do outro, podemos nos identificar com Cristo, abraçar seu sofrimento, nos regozijar nas aflições e dizer como o apóstolo Paulo que a vingança pertence ao Senhor, amemos nossos inimigos e os conquistemos com o evangelho. Se Cristo cumpriu sua função sendo insultado, devemos fazer a nossa parte da mesma maneira.

Quando Muhammad foi retratado em doze desenhos no jornal Dinamarquês Jyllans-Posten, a revolta no mundo islâmico foi intensa e as vezes violenta. Bandeiras foram queimadas, embaixadas decimadas e pelo menos uma igreja Evangélica foi apedrejada. Os desenhistas se esconderam pois temiam por sua vida, como Salman Rushdie antes deles. O que isso significa?

Significa que uma religião sem Salvador insultado não aguentará os insultos para conquistar aqueles que a zombam. Significa que uma religião é destinada a cumprir a impossível tarefa de manter a honra de alguem que não morreu e ressuscitou para tornar isso possível. Significa que Jesus Cristo é a única esperança para obtenção de paz com Deus e paz com os homens. E significa que seus seguidores devem estar dispostos a compartilhar nos seus sofrimentos, se tornando como ele em sua morte (Filipenses 3:10).

E você, como tem reagido a insultos e zombaria dirigido a sua fé?