Escutando
Desculpem-me a ausência (três semanas sem postar algo é um verdadeiro crime). Porém, estou de volta e gostaria de postar um soneto que meu avô escreveu para minha avó em 1948 (se ela descobrir que eu postei isso ela vai morrer de vergonha! :-). Meu avô é um homem de muitas qualidades, e escrever poesias como esta é uma delas.
Escolhi essa em especial pois além de ser bem escrita e falar do seu amor por minha avó (que estava distante no momento), critica o estilo de vida de muitos homens, jovens e mais velhos, nos dias de hoje.
Escutando
Em uma roda de amigos estava um dia,
E cada qual contava com mui ardor
Todos os amores que em sua vida havia,
Querendo, todos eles, ser um conquistador.
E o número de corações assim quebrantados
Como pétalas frágeis de uma flor
Por esses D. Juans improvisados
Subia a um número cada vez maior. .
Como é tolo o palrar da mocidade!
E com o coração repleto de *saudade
O cálice da ausência bebia co'amargor
Não sabiam esses rapazes palradores
Que se somados todos seus amores
Não dariam a milésima parte do meu amor.
Jairo de Carvalho Portela - 1948
Nota: Em dezembro de 2005, meu avô Jairo e minha avó Delei completaram 60 anos de casados.