quarta-feira, 20 de setembro de 2006

O Infalível Papa

Algo realmente bizarro aconteceu. Os muçulmanos reagiram com violência (pasmem) em protesto a citação que o Papa Bento XVI fez do imperador Bizantino, Manuel II Paleologus, dizendo que o Islamismo era uma fé violenta. Segue a citação:

"Mostre-me o que Maomé trouxe que era novo, e você só encontrará coisas malignas e desumanas, como suas ordens para espalharem por meio da espada a fé que ele pregava."

Ínumeras pessoas já escreveram notando o fato de que os muçulmanos só estão dando razão a citação do Papa com todo esse rebuliço. (ex: http://www.challies.com/archives/002088.php).

Outros já escreveram mostrando que pedir desculpas ao povo muçulmano é se submeter a Shariah (ex: http://www.danielpipes.org/article/3968).

Quero discutir outra coisa. O pedido de desculpas do Papa.

Se bem que foi uma pedido bem nebuloso. Não sei nem se pode ser considerado um pedido de desculpas. Mas na minha mente não consigo entender como um Papa pode pedir desculpas, ou até sentir arrependimento, remorso ou pesar. Alguns podem até afirmar que ele somente é infalível quando fala de doutrinas e coisas eclesiásticas. Pois bem, sobre o que que ele estava falando quando inseriu essa citação? Sobre doutrina! Sobre o relacionamento entre a razão e conhecimento de verdade utilizando a razão. Fica muito difícil distinguir aquilo que é pessoal para o Papa e aquilo que se refere a Igreja Católica pois em todos os momentos ele representa a Igreja Católica. Minhas perguntas então:

1) Se, como a Igreja Católica acredita, o Papa realmente for o enviado infalível de Deus, como pode então pedir desculpas, se arrepender, sentir remorso ou sentir algum pesar sobre algo que ele fez ou disse?

2) Se o Vaticano pensou nisso, qual, então, foi o objetivo de emitir a declaração oficial mascarada como pedido de desculpas?

3) Será que a doutrina da infabilidade e as crenças católicas ficaram em segundo plano e prioridade foi dada à reconciliação?

4) Qual será a influéncia que impulsiona a Igreja Católica a priorizar o bom relacionamento e bom convívio acima da verdade (ou, no mínimo, aquilo que pensam ser verdade)?

6 Comments:

Blogger André Scordamaglio said...

Daniel,

Mesmo não sendo católico vou tentar responder às perguntas, ok?!

1) Por mais que você queira, ele não estava realmente num ex-cattedra, fazendo com que seu pronunciamento não seja passível de infalibilidade.

[Agora fica uma pergunta: O texto é infalível ou a pessoa? Pois nós protestantes-reformados cremos que o texto bíblico o é, mas não seu(s) compilador(es).]

2) Acalmar a situação. Simples.

[Em detrimento do quê?!]

3) Não que ficaram em segundo plano, mas é melhor ter paz do que guerrear por doutrina.

[Pareço mesmo um católico convicto?! =P]

4) Não que a verdade não seja absoluta, de forma nenhuma, mas devemos amar nossos inimigos e ter compaixão por eles, para que um dia eles cheguem ao pleno conhecimento da verdade.

[Qual, se eu a estou omitindo?]

É queridão, sinuca-de-bico hein...

Abração

quarta-feira, setembro 20, 2006 3:15:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Olá,

eu sou católico. Sobre as perguntas:


1) Porque o Papa continua sendo um ser humano comum, apenas com o "múnus" de *desempenhar* um papel fundamental - que seja, o de manter a unidade do Corpo Místico de Cristo. Pessoalmente, o Papa sente pesar e remorsos pelas coisas que faz ou deixa de fazer, sim (aliás, sabia que o Papa tem um confessor? JP II confessava-se semanalmente, sobre Bento XVI eu não tenho informações). Particularmente, se eu fosse Papa, sentiria muito, mas MUITO pesar e remorso, porque o encargo é muito mais elevado e, destarte, a responsabilidade muito maior.


2) Olhe, a declaração oficial não foi um pedido de desculpas porque, não havendo agressão, não há *pelo quê* se desculpar.

A declaração ensejou tão-somente esclarecer o que o Papa disse, bem como evitar possíveis tensões políticas que já se estavam mostrando perigosas.


3) Não, porque a infalibilidade não tem absolutamente nada a ver com isso [esta se refere a situações absolutamente específicas e extraordinárias, e não a qualquer aula ou conferência que o Papa dê].

As crenças católicas também permanecem tais e quais.


4) Não há "política de boa convivência" em detrimento da Verdade. O que também não significa que se deva sair por aí atirando acusações a torto e a direito. In medio virtus, como diriam os antigos. No caso atual, nem a posição católica quanto ao ISLAM foi relativizada [os comunicados insistiram em remeter a documentos oficiais da Igreja, do Concílio Vaticano II, em particular o que trata sobre as outras religiões], e nem tampouco a Igreja se colocou em "pé de guerra" contra os muçulmanos, por meio de agressões evitáveis.

Abraços,
em XC,

Jorge Ferraz

sábado, setembro 23, 2006 1:21:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Cada o articulista?

Abraços,
enan

quarta-feira, novembro 22, 2006 9:54:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Como vai?

Parou de postar?

Abço

Guilherme

quinta-feira, dezembro 07, 2006 6:13:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Sei que o Palmeiras o deixa triste, mas blogue...

Vamos....

quarta-feira, junho 06, 2007 3:05:00 PM  
Blogger João 8:32 said...

Graça e Paz;
Quero lhe apresentar um livrete (no formato de blog).

http://tudosobredizimo.blogspot.com

Gostaria que o irmão examinasse-o e logo após sua reflexão fizesse um comentário a respeito do tema abordado.

Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado;
II Coríntios 6:3

Envie seu comentário p/ o e-mail: lcvieira2008@ig.com.br

Deus te abençoe.

terça-feira, julho 01, 2008 1:20:00 AM  

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